Mezzotints Holandeses sobre Papel Japonês- As formas que aqui vemos – as linhas horizontais, verticais e os rectângulos – utilizei-os em esboços, desenhos e pinturas, desde 1986. Cerca de sete anos mais tarde, considerei que por ser gravador e não tanto pintor, deveria fazer a transposição destes desenhos para a gravura. - O berceau ou rocker é colocado quase verticalmente sobre o cobre polido, com as pontas aguçadas a tocar o cobre. Então, exerce-se pressão sobre o instrumento, rodando-o para a esquerda e para a direita e movendo-o, ao mesmo tempo, lentamente para a frente. Devido a esta acção as pontas aguçadas são transportadas sobre a superfície de metal e, simultaneamente, nasce uma rebarba à volta de cada sulco. Quando se tinta e limpa esta chapa, dela resulta um profundo negro, consequência dos múltiplos sulcos e rebarbas. - Geralmente os artistas que produzem mezzotints utilizam o berceau ou rocker para trabalhar sobre toda a superfície da chapa e depois, com a ajuda de um rascador e de um brunidor raspam e fazem o polimento dos desenhos na superfície trabalhada. Quanto mais se polir uma determinada zona da chapa, menos tinta ela reterá e mais claro imprimirá. Eu não uso o rascador nas minhas chapas. Primeiro faço o desenho sobre o metal, protejo com fita adesiva os seus limites e utilizo o berceau ou rocker apenas dentro das áreas pretendidas. Desta forma, a fita adesiva é utilizada como uma máscara. - A seguir concentro-me na impressão. Preparo a minha própria tinta especialmente para os meus mezzotints. Por ser muito viscosa, a chapa retém uma grande quantidade. - As chapas são também impressas utilizando a técnica chine collé, da seguinte forma: a chapa é tintada e limpa como de costume e colocada sobre o tabuleiro da prensa; uma folha de papel japonês é cortada ligeiramente mais pequena que a dimensão da chapa, é pincelada com uma pasta muito fina e colocada sobre a chapa com a superfície humedecida voltada para cima. Um papel com forte gramagem é então posto sobre o conjunto da chapa e do papel japonês, passando tudo sob a prensa. A tinta imprime sobre o papel japonês que, por sua vez, adere ao papel mais espesso. - A combinação de todas estas técnicas cria um profundo negro mate que se relaciona com áreas vazias. Os vazios, contudo, não são brancos, mas mostram cicatrizes: os riscos originados pelo uso do cobre, as marcas acidentais do trabalho com o berceau ou rocker, a degradação e a corrosão do próprio metal. O papel japonês é de um tom de branco natural com muitas fibras finas. Os limites das formas negras não são rectilíneos, mas sim, mais ou menos nítidos. O conjunto cria uma imagem quente e viva mostrando as formas negras tão profundas quanto coloridas. Desfrutem das minhas cores. Ad Stijnman, Água-Forte 20/06/2002
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